A
MONOCULTURA DO EUCALIPTO E SUAS IMPLICAÇÕES
O
plantio do eucalipto vem se expandindo cada vez mais em nosso país, devido à
grande rentabilidade que é capaz de gerar. O presente trabalho tem por objetivo
fazer uma breve análise crítica desta cultura, citando e explicando o conceito
de deserto verde bem como de monocultura. Explicitamos ainda alguns usos para a
madeira do eucalipto, como demonstra um gráfico do ano de 2005 para ilustrar o
mesmo. Buscamos deixar claro alguns impactos causados por esta monocultura, bem
como deixamos também um espaço para a análise do ponto de vista das empresas
que fazem uso do eucalipto, citando o exemplo da Aracruz.
A MONOCULTURA E O DESERTO VERDE
O eucalipto é uma planta originária principalmente da Austrália e
do continente da Oceania, embora algumas raras espécies sejam de ilhas como
Nova Guiné e Timor, além das Ilhas Moluscas (ANDRADE, 1918, p. 3). Sua
implantação em outras áreas se deu somente no século XIX, começando pela
Europa, passando pelos Estados Unidos e finalmente chegando ao Brasil por meio
do Sr. Frederico de Albuquerque, no ano de 1968, no estado do Rio Grande do Sul
(ANDRADE, 1918, p.4). Um dos maiores propagadores da espécie pelo país foi A.
Pereira da Fonseca, realizando grandes plantações no estado do Rio de Janeiro,
com variadas espécies do gênero eucalyptus (ANDRADE, 1918, p.4).
A planta começou a ser amplamente utilizada depois da descoberta
de seu valor econômico, e hoje é utilizado como principal fonte de alimentação
da indústria da celulose no Brasil, o que acaba por ocasionar grandes
discussões e até mesmo conflitos entre proprietários de terras plantadas com o
eucalipto e a grande massa de militantes sem-terra. Uma das grandes vantagens
do eucalipto e sua rápida difusão, é o fato de a planta ser capaz de se adaptar
aos mais diversos tipos de climas, desde locais quentes e secos, como os
deserto australianos, à climas muito úmidos e frios, como na Escócia.
O termo deserto verde vem ganhando um grande destaque na mídia,
tanto no âmbito nacional quanto no internacional, devido à grande repercussão
que tem causado os atritos que envolvem esse termo. Mas o que afinal define
“deserto verde”?
A expressão, deserto verde é utilizada pelos ambientalistas para
designar a monocultura de árvores em grandes extensões de terra para a produção
de celulose, devido aos efeitos que esta monocultura causa ao meio ambiente. As
árvores mais utilizadas para este cultivo é sobre tudo o eucalipto, pinus e
acácia (MEIRELLES, 2006).
Grande parte desta discussão se deve ao fato de as terras
utilizadas para o cultivo de monoculturas em larga escala, não atingirem um
grande contingente de mão de obra humana, já que grande parte destas
propriedades é altamente mecanizada, e quando há o emprego de mão de obra esta
não é devidamente remunerada. Outro fator que tem importância nessa discussão é
o fato dessas culturas serem capazes de absorver enormes quantidades de água,
podendo até mesmo ressecar rios e outras fontes hídricas existentes no entorno
dessas grandes plantações. Como exemplo disso pode ser citado o estado do
Espírito Santo, que segundo Daniela Meirelles Dias de Carvalho, geógrafa e
técnica da Fase, organização não governamental que atua na área socioambiental,
só no norte do Espírito Santo já secaram mais de 130 córregos depois que o
eucalipto foi introduzido na região.



Deputado
Vicente Cândido durante leitura do
Peter
Kent, ministro do Meio Ambiente do Canadá (Foto: Reuters/Chris
Wattie)